
Inteligência artificial auxilia no diagnóstico por imagem de doenças neurodegenerativas
O avanço da inteligência artificial (IA) tem ampliado as possibilidades de análise em diversos campos do conhecimento e, de igual forma, na medicina. Entre as tecnologias disponíveis com maior efetividade estão as de diagnóstico por imagem, especialmente em casos de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Um software utilizado pela URC Diagnósticos, em Criciúma, utiliza recursos de IA para oferecer aos radiologistas e médicos clínicos um volume maior e mais qualificado de informações sobre os pacientes a respeito de alterações cerebrais que podem estar relacionadas a quadros de envelhecimento anormal ou patologias neurológicas.
A tecnologia incorporada a exames de ressonância magnética analisa imagens e segmenta diferentes regiões do cérebro com cores distintas, para facilitar a visualização, explica o especialista em neurorradiologia da URC Diagnósticos, Fábio Tonon Caporal. Em seguida, o software calcula o volume de cada área cerebral do paciente e compara com dados de indivíduos da mesma faixa etária, apontando se há perda de massa encefálica fora dos padrões esperados.
“É uma ferramenta que auxilia a interpretação do exame, mas não fornece o diagnóstico. Quem vai interpretar esses achados e definir o diagnóstico final é o médico, com base na associação entre sintomas, histórico clínico e imagens”, pontua Caporal. O papel da radiologia, nesse contexto, é atuar como suporte ao trabalho clínico, agregando informações que possam contribuir para uma avaliação mais precisa.
Além das doenças neurodegenerativas, a tecnologia também vem sendo aplicada no acompanhamento de pacientes com esclerose múltipla ou outras doenças. “Conseguimos medir de forma mais rápida precisa a progressão das lesões cerebrais ao longo do tempo, comparando com o histórico de exames de imagem do paciente. Dessa forma os neurologistas podem ter um direcionamento mais qualificado para administrar o tratamento”, explica o radiologista.
A ferramenta de IA foi implementada na URC há cerca de seis meses, após um período de avaliação da tecnologia. O recurso é utilizado principalmente mediante solicitação médica, mas também pode ser acionado pela equipe de imagem em casos em que se identifiquem achados relevantes para o paciente. “Embora a inteligência artificial represente um avanço importante, ela não substitui o olhar humano. Ela não consegue fazer a correlação clínico-radiológica. Ela aponta alterações na imagem, mas quem interpreta isso dentro do contexto do paciente é o profissional de saúde. Ainda há necessidade de revisão, interpretação e ajustes. É uma ferramenta de apoio, não de substituição”, elucida.
Segundo o especialista, a radiologia é uma das áreas da medicina que mais se beneficiam da inovação tecnológica. “O cérebro é um órgão que apresenta pouca variação anatômica entre indivíduos, o que facilita o desenvolvimento de tecnologias aplicadas à neuroimagem. Por isso, muitos avanços em inteligência artificial e imagem acabam surgindo primeiro nessa área”, destaca.